Coronavírus não pode tirar o nosso foco no Aedes Aegypti, alerta especialista

Saúde

Com a confirmação do primeiro caso de morte pelo Coronavírus (COVID-19) no Brasil, a população vem adotando algumas medidas de prevenção contra a doença, como o uso de álcool em gel. Porém, embora seja necessário esse alarmismo, é preciso também prestar bem atenção em outro tipo de inimigo já conhecido do brasileiro: o Aedes Aegypti, transmissor de doenças sérias como de dengue, Zika e Chikungunya.  Pelo menos é o que acredita o infectologista Alex Garolo, do laboratório Sabin.

Em entrevista ao jornal Tribuna de Guarulhos, o médico, que também é membro da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica, explicou o que é esse novo coronavirus, quais as precauções de devem ser tomadas e quais os perigos dessa e de outras doenças mais comuns aqui no país.

De maneira simplificada, o que é esse novo Coronavírus?

O coronavírus é um uma família de vírus que causam infecções respiratórias. Este novo tipo de Coronavírus, foi identificado no início de 2020, não havia histórico anterior de doença causada por ele, vindo provavelmente dos Pangolins, mamífero encontrado em zonas tropicais da Ásia e África. A doença causada por ele foi denominada COVID-19 (‘CO’ significa ‘corona’, ‘VI’ para ‘vírus’ e ‘D’ para doença). Pesquisadores e especialistas de todo o mundo, estão dedicados aos estudos e análises de dados que ajudem a compreender mais sobre o vírus.

Como e quando surgiu essa doença?

O vírus foi detectado pela primeira vez no final do ano passado na cidade de Wuhan, província de Hubei, na China. Quando começaram as surgir as primeiras infecções, elas foram diretamente ligadas ao mercado de animais vivos, mas com o tempo e estudos sobre o assunto, pode-se observar que o vírus se espalhava de pessoa para pessoa, por contaminação por gotículas respiratórias.

Como é feito o diagnóstico do coronavírus?

O COVID-19 causa sintomas respiratórios, com quadros gripais, que podem variar bastante, desde assintomáticos, quadros leves a graves e fatais. Para o diagnóstico, são realizados testes de detecção do vírus. O grupo Sabin foi um dos primeiros do país a implantar estes exames. Em apenas 20 dias, as equipes de Pesquisa e Desenvolvimento do Grupo Sabin submeteram as amostras a testes baseados nos protocolos do Center for Diseases Control (CDC) e da Organização Mundial de Saúde (OMS), e os resultados se mostraram eficientes para identificação do novo Coronavírus. Todo o procedimento foi feito com base no método ‘PCR em tempo real’, o novo teste possui processo de coleta simples, que é feito por meio de secreção nasal.

Quem tem alguma possibilidade de estar infectado, deve ficar atento às informações de atendimento para o exame de detecção do COvid-19: os atendimentos em hospitais estão sendo feitos em pacientes internados ou do pronto socorro. Há ainda atendimentos em domicílio sendo realizados com prescrição médica e somente em casos graves (sintomáticos: com febre, tosse e falta de ar). O prazo para liberação dos resultados deve ser consultado no momento do agendamento dos exames.

Como prevenir o contágio?

Como não há ainda uma vacina para prevenir a doença, a melhor maneira de prevenir a doença e evitando-se a exposição ao vírus e o seu contágio. Como se dissemina de forma respiratória, de pessoa para pessoa, o importante agora é evitar o contato próximo com pessoas, reduzindo a chance ser atingido pelas gotículas de saliva expelidas quando uma pessoa infectada tosse ou espirra.

Além, é claro das já conhecidas orientações de saúde: lavar as mãos com frequência por, pelo menos, 20 segundos; se água e sabão não estiverem disponíveis, use desinfetante para as mãos que contenha pelo menos 60% de álcool; cobrir todas as superfícies de suas mãos e esfrega-las juntas até que estejam secas; evitar tocar nos olhos, nariz e boca se as mãos não estiverem limpas; cobrir boca e nariz com lenço de papel ao tossir ou espirrar – pode também usar a parte interna do cotovelo; jogar fora tecidos usados; se estiver doente, use uma máscara facial ao ficar próximo de outras pessoas (por exemplo, compartilhando um quarto ou veículo) – se você não estiver doente, não precisa usar máscara, a menos que esteja cuidando de alguém doente; limpe e desinfete frequentemente as superfícies tocadas diariamente(mesas, maçanetas, interruptores de luz, bancadas, pegas, mesas, celulares, teclados, banheiros, torneiras e pias).

Por parte do SUS, como é feito o tratamento do coronavírus? Qualquer hospital pode receber o paciente da doença?

Desde o início dos casos no país, o Ministério da Saúde vem anunciando uma série de medidas que podem ajudar a conter o avanço de casos e uma delas é tratar os casos leves da COVID19 nos postos de saúde, de forma rápida e segura. São mais de 42 mil postos espalhados pelo país aptos para atender 80% dos casos de Coronavírus. Isso porque os estudos mostram que grande parte dos pacientes tem sintomas mais leves e podem receber atendimentos nesse nível de atenção. A orientação é que busquem por estes serviços quando tiverem os sintomas iniciais do vírus, como febre baixa, tosse, dor de garganta e coriza. A Atenção Primária é a porta de entrada do SUS e é onde a maioria dos problemas de saúde e as doenças mais comuns da população podem ser resolvidos.

Hoje, o país conta com aproximadamente 15 mil leitos de UTIs para atender a demanda de casos. O que preocupa agora é saber se a quantidade será suficiente para atender todas as pessoas num próximo momento, quando a pandemia deve atingir níveis mais graves. Neste primeiro momento, as principais medidas anunciadas pelas autoridades têm surtido efeitos positivos.

Sim, qualquer hospital está apto a receber pacientes com sintomas, adotar as medidas necessárias, e comunicar as autoridades de saúde em caso de resultado positivo de contaminação.

Esse período de “quarentena” definido pelos governos estaduais e municipais serão suficientes para minimizar a situação?

Quarentena é um método é utilizado para prevenir a proliferação de vírus e doenças há décadas em todo o mundo. É um momento fundamental para o sucesso ou fracasso de um tratamento e de contenção de contágio. O isolamento ajuda a separar pacientes e pessoas saudáveis de forma mais segura.

O momento de isolamento, que pode ser de 14 dias ou mais, é considerado fundamental no tratamento, porque ele acontece na fase inicial, fase de contágio da doença e é neste momento que o vírus começa a se manifestar no organismo. O paciente apresenta os sintomas e pode iniciar a transmissão do vírus. Por isso, é importante que as autoridades adotem o método para conter de forma eficaz a circulação do vírus e o crescimento de casos.

Além do coronavírus, quais outras doenças os brasileiros devem se preocupar?

Estamos vivendo um momento delicado com relação ao Coronavírus, são casos aumentando dia após dia, mas mesmo diante destas preocupações é preciso focar energia também em combater um inimigo já conhecido do brasileiro: o Aedes Aegytph. O mosquito já fez quase cem mil vítimas no país. São pessoas adoecendo de dengue, Zika e Chikungunya em níveis alarmantes. É um índice que representa um acréscimo de 7,5% em relação ao contágio pelo

São pessoas de todas as faixas etárias suscetíveis à contaminação e isso também acende um sinal para a importância de evitar a dengue e combater a proliferação de mosquitos, com ações rápidas que há anos ajudam a conter o número de casos: evitar água parada, esvaziar criadouros, secar pneus, garrafas plásticas, piscinas sem uso e sem manutenção, e até mesmo em recipientes pequenos, são atitudes eficazes e fundamentais nas próximas semanas, com a chegada do inverno e do período de chuvas.

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