O entrelaçamento de ações e concepções artísticas que reafirmam a relevância histórica, social e cultural da história e da cultura afro-brasileira foi tema amplamente abordado durante a abertura do Encontro das Artes e Novembro Negro: Tecendo Experiências e (Re)existências nos 20 Anos da Lei 10.639/2003, evento que aconteceu na última quarta-feira (1º) no Teatro Adamastor com as presenças dos gestores das escolas próprias e de entidades parceiras da rede municipal.
A diretora do Departamento do Orientações Educacionais e Pedagógicas (Doep), Solange Turgante, fez um balanço das ações inclusivas realizadas ao longo do ano, relacionadas aos povos originários e à valorização da cultura africana, e que objetivaram colocar em evidência a importância das diferentes etnias para a constituição da identidade cultural brasileira.
“Precisamos pensar em formas efetivas de articular as leis 10.639/2003 e 11.645/2008 com os currículos das escolas com base na proposta curricular do município, reforçar em todas as práticas e projetos pedagógicos das escolas temas sobre a história e a cultura afro-brasileira e indígena, tais como o Agosto Indígena e o Novembro Negro, que são ações afirmativas, que muito além de parte do calendário de datas comemorativas têm forte apelo em seu caráter de luta”, pontuou Turgante.
Para evidenciar a importância da arte no cotidiano, essencial para a expressão e a comunicação humanas, o evento de abertura contou ainda com a apresentação de um curta-metragem produzido por alunos da EPG Edson Malecka e performance musical da atriz, cantora e compositora Céllia Nascimento, além de apresentações culturais, exposição de trabalhos e vivências artísticas que forneceram ao encontro valiosos espaços de fala e interlocução.
Sob mediação da coordenadora de Programas Educacionais da Secretaria de Educação, Erika Santos, a mesa do encontro reuniu as palestrantes Veruschka de Sales Azevedo, doutora em história social (PUC/SP), idealizadora do projeto Enegrecendo Brinquedotecas, e Celina Alves dos Santos, psicóloga clínica especializada em psicodrama e constelação familiar, coautora do livro Autoestima na Prática, militante do movimento negro e integrante do Conselho Municipal de Igualdade Racial (Compir).
“É fundamental trabalhar o antirracismo no cotidiano escolar e pensar em possibilidades de desenvolver um ambiente antirracista por meio de currículos e práticas educativas pautadas na lei 10.639”, explicou Veruschka.
A historiadora observou ainda avanços relacionados ao currículo das escolas, que nos últimos 20 anos vêm absorvendo a luta pela igualdade racial, sobretudo no ensino de história e a partir da demanda de professores e alunos negros, e a existência de materiais didáticos que abordem essa questão. “Para que seja libertadora, a educação precisa ser antirracista”, comentou.
Para a psicóloga Celina Alves dos Santos, as mudanças observadas nesse período de vigência da lei também guardam relação com a autoestima e o empoderamento. “O racismo não nasce com a criança, ele é aprendido. Por isso é importante empoderar as crianças para que elas gostem, por exemplo, de seus cabelos como são, mostrar a elas o quanto é importante elas serem o que são e tenham uma percepção positiva de sua imagem”, explicou Celina.
Para obter mais informações sobre a programação e inscrições acesse https://portaleducacao.guarulhos.sp.gov.br/siseduc/portal/site/listar/categoria/86/.
Fotos: Gezer Amorim/PMG