O Instituto Butantan vai pedir autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para iniciar testes clínicos com seres humanos de uma vacina contra a covid-19 desenvolvida pelo órgão.
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o diretor do Butantan, Dimas Covas, vão anunciar o imunizante em evento às 8h desta 6ª feira (26.mar.2021).
O Butantan foi o responsável pelo ensaio de fase 3 da CoronaVac, vacina anticovid da farmacêutica chinesa Sinovac, no Brasil. Agora, produz o imunizante no país.
O instituto lidera um consórcio internacional no desenvolvimento da nova vacina, da qual é o principal produtor. Se o imunizante for aprovado para uso, 85% da produção ficará a cargo do Butantan.
Além do Brasil, o imunizante será testado no Vietnã e na Tailândia, países que integram o consórcio.
A vacina do Butantan já passou pelas fases pré-clínicas, com testes em animais. O pedido que será feito à Anvisa se refere aos ensaios de fases 1 e 2, nas quais são avaliadas a segurança e a capacidade da vacina de promover resposta imunológica. Devem participar 1.800 voluntários.
Na 3ª e última fase, que avalia a eficácia do imunizante, está prevista a participação de 9.000 pessoas.
O objetivo do órgão é finalizar todos os testes até o fim do ano e ter 40 milhões de doses prontas ainda em 2021.
A vacina do Butantan usa a mesma tecnologia da fabricação da vacina da gripe.
No imunizante contra a covid, o vírus inativado de uma gripe aviária (doença de Newcastle) é utilizado como vetor para transportar a proteína S (spike) integral do Sars-CoV-2, coronavírus causador da covid-19.
A proteína S faz a ligação entre o vírus e as células humanas. Quando inserida sozinha no corpo, é capaz de estimular a resposta imune. A vacina do Butantan usará a proteína da P.1, variante do coronavírus detectada em Manaus (AM), mais transmissível que a cepa original.
A tecnologia do vírus inativado é a mesma usada na CoronaVac. No caso da vacina da Sinovac, no entanto, o vetor é do próprio Sars-CoV-2.